quinta-feira, 19 de maio de 2011

Motoristas decidem: greve a partir de segunda-feira

Os motoristas e cobradores de ônibus de Natal decidiram ontem, em assembleia, iniciar greve por tempo indeterminado na próxima segunda-feira. Uma nota de esclarecimento à população foi publicada nessa quarta-feira na TRIBUNA DO NORTE e a categoria confirmou a paralisação com início após a meia-noite de domingo. O Seturn considera desnecessário o movimento, já que as negociações entre patrões e empregados continuarão, agora no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), com encontro já marcado para hoje, às 14h.

Aldair DantasMotoristas pararam os ônibus durante as assembleias de ontemMotoristas pararam os ônibus durante as assembleias de ontem
O pedido da categoria é de um reajuste de 13,98%. O salário-base atual é de R$ 1.192 para motorista e R$ 715, cobradores.

Durante a manhã de ontem, os rodoviários paralisaram os ônibus em três pontos da cidade: no Baldo, em frente ao sindicato da categoria (Sintro), onde era realizada a assembleia; na Bernardo Vieira; e também nas proximidades da Prefeitura de Natal. Na assembleia da tarde, a paralisação dos veículos foi bem menos, e ocorreu por 20 minutos apenas no Baldo.

“Quem nos levou à greve foi o patronato”, afirmou o presidente do Sintro, Nastagnan Batista. Ele afirmou que não houve avanços nas negociações realizadas até a última terça-feira e argumentou que há 48 dias os rodoviários tentam ver atendida sua pauta de reivindicações. “Não realizamos paralisações antes por respeito à Justiça e à população.”

Às 9h40, uma centena de trabalhadores que participavam da assembleia no Sintro foi para o Baldo e determinaram que os coletivos que rodavam nas imediações estacionassem nas ruas próximas. Três faixas da avenida Coronel Estevam (av. 9) foram fechadas por dezenas de ônibus e, na descida para o Baldo, restou aos motoristas que vinham do Alecrim apenas uma quarta-faixa, geralmente utilizada pelos coletivos que seguem da Cidade Alta para o Alecrim. Nas proximidades da Cosern e também entre a Deodoro da Fonseca e a Olinto Meira, os veículos parados causaram congestionamentos.

O presidente do sindicato lamentou o prejuízo à população, mas pediu o apoio dos passageiros à luta da categoria. “Só de aumento de passagem a prefeita Micarla de Sousa concedeu 10% e para nós, trabalhadores, os patrões só oferecem 6,3%”, criticou.

De acordo com Nastagnan Batista, a partir de segunda-feira só funcionará a frota mínima de 30% dos ônibus. “Foram os patrões que quiseram assim”, reforçou.

São ao todo 4 mil rodoviários trabalhando nas empresas urbanas e outros 3 mil nas que fazem as linhas intermunicipais. “Também reunimos esse pessoal, já que os sindicato das empresas intermunicipais (Setrans) declarou que vai seguir o que for oferecido pelo Seturn”, explicou.

Ele assegurou que o Sintro mantém aberta a mesa de negociações e que a greve marcada para segunda-feira poderá ser suspensa se até lá houver avanços na oferta feita pelos empresários.

Empresários e passageiros reclamam

O diretor de Comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Seturn), Augusto Maranhão, classificou de “intempestivas” e “desnecessárias” tanto a paralisação de ontem, quanto a greve marcada para segunda-feira. “Atos como esse de hoje (quarta-feira) são um procedimento que não cabe mais. As negociações continuam e agora, com a instauração do dissídio coletivo (por parte do Seturn), seguem sob a tutela do Tribunal Regional do Trabalho”, enfatizou.

O empresário aguarda a nova rodada de negociações no TRT e voltou a afirmar que o índice de 6,3% de reajuste é o possível de ser oferecido, no momento, pelas empresas a seus empregados. O Sindicato dos Rodoviários, no entanto, não aceita o percentual e quer incluir ainda nas negociações o aumento para R$ 300 do vale-alimentação (atualmente é R$ 140 para motoristas e R$ 94 para cobradores), o retorno do quinquênio (5% de reajuste a cada cinco anos de tempo de trabalho), plano de saúde e o fim da cláusula que permite 20% da frota rodar com uma pessoa exercendo as duas funções.

Além dos empresários, a maioria dos passageiros também criticou a paralisação de ontem. Centenas de pessoas deixaram os ônibus na descida do Baldo e seguiram o trajeto até a Cidade Alta a pé. No sentido inverso, indo para casa, parte dos ocupantes preferiu aguardar o fim do ato de protesto, que durou exatas duas horas.

Enquanto alguns passageiros paravam para apoiar a luta dos rodoviários, muitos gritavam palavrões contra os motoristas e cobradores. Os ânimos se exaltaram em alguns momentos, mas não houve agressão física das partes.

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