Se o Taco era o Morumbi, o Bandeirantes era o Pacaembu com seus jogadores-malandros, numa epoca pre campeonatos de sinuca da Band, onde resgatou se a dignidade do sinuqueiros e glamurizou se a atividade, epoca que surgiram Rui Chapeu ( que caiu em desgraca quando emprestou o nome para um salao aberto por Juarez Soares, entao secretario de esportes de sampa, no gov.Erundina ), Roberto Carlos e outros.
O Maior Jogador de todos, para quem entende os meandros, os encantamentos, os espetos, as defesas, foi o Carne Frita. Esse foi O Rei da Sinuca. O Pelé da Bola Sete. Era um Lord, um Cavalheiro, incapaz de passar ( entregar) um jogo patroado, como tantos outros casos que, hoje, só os fantasmas dos salões sussurram.
Pena que jogou na Era Obscura, pré YouTube. Eu o conheci no seu ocaso, com a visão dificultando exercitar a sua arte, aquela inimitável branca, quase, sempre colada nas tabelas, por maior que fosse o espeto deixado pelo oponente. Aquelas intermináveis sequencias de bolas cruzadas, a espera para os golpes de vinte/vinte e sete, não tem amnésia nem lobotomia que apague. e as sinucas? Aquelas finas com efeito contrario escondendo a bola da vez atras da 7 e a branca colando na tabela, esnucando atras de duas/tres bolas? Esse era o diferencial do grande Frita dos outros, meros matadores de bolas....
Semana passada foi homenageado em Sampa.http://va.mu/TeyH
Nós éramos um bando de inciantes em sinuca, que caminhavamos 500 metros, da vizinha Liberdade, em busca das grandes, dos grandes, partidas, dos que tinham o nome no Gibi, o ranking falado.Nós sabíamos o partido que um jogador deveria dar pra dar jogo com outro ( o equivalente aos handicap), o placar, os golpes, as narrativas das partidas.
Visto,as jogadas inéditas, a correria para o largo sao paulo, pro nosso ambiente, a marcar com dedos cuspados a posicao das bolas, e tentar desvendar os efeitos e a posicao/batida na branca.
Nunca fui um dos com nome no gibi, na mesa grande. Meu campo é a mesinha de mata-mata, onde meu partido pedido era 4 a 3 + a saída.5 a 3 eu arrombava de lambreta.
Hoje, frasista, prefiro ler um Dalton e os manos Maia a ler uma prosopopeia de 1000 paginas, excuindo O Senhor dos Anéis.
E futsal ao futebol.
Eu ja tinha pretensões a intelectual, criei uma teoria que associava o frenesi do jogador de sinuca de encaçapar as bolas a sua incapacidade, aparente, de conquistas de mulheres. É a compensação sexual deles, só metem assim, eu envenenava. Dou sorte com as de cabelos bola 2 e, uma ou outra de melenas bola 7, todas, depois, faces bola 6, ruborizadas, e nunca bola 3, de desapontamento.Ah! E todas sonhavam em bola 5, após...... ( A propaganda da cama é que o negócio...)
Samurai deve ter razão, diziam invejosos. Bons tempos.....
Sobre sinuca:
O SARAU DOS NASSIFERAS
Na quinta, 10/12, eu vasculhei diretórios do DEM e PSDB à cata dum mísero boné ou camiseta prá compor o figurino apropriado a um frequentador de barchic, alienígena que sou desses ambientes.
Minha seara é butequinhos de sinuca, desses onde se joga em cinco, a matar tres bolas de 1 a 15 indicadas por tres tampinhas de cervejas, números garatujados em bic, e último que sobra co’as bolas na mesa paga o litrão de skol.
A bem da beberidade admito que preferem brahma, mas devido a minha ojeriza à marca desde bebeto chorão e mamário a sinalizar o nº 1 numa dessas copas, o que prova, marcas passadas movem mágoinhos, então todos aceitam, quando o japa joga, bebe se skol litrão ou na falta deste duas itaipavas.
O jogo de tampinhas é mix de poquer e geometria, cê tem que disfarçar suas bolas, principalmente, a última . prá movimentar e descolar as suas usa se telefone ou carambolada pelas bolas d’outrem.
quando é de vera, a dinheiro, quem mata a última bola paga o bolo todo sozinho, é o Sapo.
Nos bilhares da Liberdade a gente dava estia pros técnicos, caras que sapeavam o jogo e dedavam, cuidado…a 7 é do bisteca..13 é sapo(última bola) do zé mineiro. 2 é do prefeitura, mas ele tem a 11 ainda.
Numa madruga, os malandros do Bandeirantes, ali em cima da padoca sta teresa na joão mendes baixaram no lgo.são paulo. nós éramos um bando de moleques que não respeitava ninguém.
Pinguinha, um japa de 18 da vila formosa já tinha ido na favela da vila prudente encarar o Poeta.
eu já tinha ido, numa mochilada ao pasquim, cartuns debaixo do braço, na lapa do rio, ver se jogava co’ lincoln, que o pasca refutava ser o bam bam do rio.
Um tal fantoche entrou na nossa tampinha. o cara ,já tinha sido bancado por mike, um chininha, até que um dia o bochicho correu os salões. fantoche passou o china em duzentinha, num jogo combinado co’ adversário e caiu no descrédito.
Então chegaram as vacas magras pro cara, quase 2 metros, que de qualquer posição da mesa prá ele tava de palmo na empunhadura do taco, não quase deitado/trepado aos baixos/medianos tal nós, ninguém patronava o cara.
O jogo tava duro, eu tava pela boa, não podia revelar, mostrou não mata mais, tiram da boca.
as bolas tavam todas no fundão,do lado da tabela de cá duas, uma em posição de corte pro fundo e a uns tres palmos, a minha colada a esquerda. fui conferir as bolas do fundo, olhei os angulos e gizei o taco, cortei a bola despiste pro fundo, forte, raspou de espalhar umas tres, olhei o fundão e torcí, a branca pegou efeito e arrastou a minha prá boca.
No bilhar fez um silencio que dava prá ouvir até as conversas da glicério.
o fantoche começou a me medir tal alfaiate, ele precisava de sequencia prá tentar algo no fundo, só tinha a minha deste lado da mesa, e na boca.
um trouxa desse que nem nome no gibí tem, não pode ter essa força,tem?
isso foi sem querer num foi? cumé que chama, esse? samurai? vou pagar prá ver!
matou, olhou o rodopiar da branca, eu, o mais delicadamente prá não enfurecer o cabra, depositei as três tampas… É SAPO!
o cabrão atirou o seu taco especial no chão, esparramou as bolas de supetão, pagou, jogo findou e aí a turma marcou, com cuspe no dedo, a posição das bolas e foram todos treinar a jogada, como todas as grandes que a gente via e passava as madrugas a treinar, cumé é o efeito, samurai? aqui? não, menos de meia bola esquerda, menos de metade a baixo, puxando.
Foi aí que entrei no gibí, esse é o samurai da liberdade, o que armou um sapo pro fantoche. dizem que o cara tá em vegas, lá virou milionário jogando sinuca nos cassinos.
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