Iracema Sodré, BBC Brasil em Londres
As primeiras 48 horas após o desabamento dos três prédios no centro do Rio de Janeiro são fundamentais para encontrar sobreviventes, segundo um especialista britânico em operações de resgate.
Willie McMartin, diretor operacional da organização International Rescue Corps, que já enviou equipes e aparelhos para missões após terremotos, furacões, explosões e acidentes em várias partes do mundo, diz que cerca de 90% dos sobreviventes de desastres são encontrados nesse período.
"Quando olhamos para as imagens do local, é possível ver que o desabamento foi violento, já que o escombro é compacto, mas há pelo menos dois pontos onde há espaços com ar, que poderiam abrigar sobreviventes", disse McMartin à BBC Brasil após analisar um vídeo com as imagens.
"O problema ali é que há muita poeira, então mesmo alguém que tenha sobrevivido ao impacto, existe o risco de desenvolver problemas respiratórios. As primeiras 48 horas são as mais cruciais", disse.
Ele afirma que é uma grande vantagem o fato de não haver grandes variações de temperatura do dia para a noite no local do desabamento.
"Há vários fatores que influenciam a taxa de sobrevivência em um desastre como este. A temperatura externa é um deles. Outro é o acesso a fluidos para evitar a desidratação. A idade e até a força de vontade da pessoa também são fundamentais. Há aqueles que acreditam no resgate mesmo dias após um terremoto ou desabamento. Outros desistem logo e acabam morrendo."
McMartin afirma que a tecnologia para operações de resgate vem avançando muito.
"Hoje há equipamentos especializados para este tipo de situação. Câmeras de fibra ótica, que podem entrar pelos vãos dos escombros, e equipamentos que detectam sons ou alterações na composição do ar no local foram projetados para maximizar as chances de encontrar sobreviventes. Há até máquinas de raio-x especiais, mas que, por enquanto, só são usadas por grupos especializados na resposta a ataques terroristas", explicou ele.
Após o desabamento no centro do Rio de Janeiro, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil chegaram a utilizar câmeras térmicas e de fibra ótica para tentar localizar sobreviventes, mas devido à espessura das camadas de concreto, as equipes decidiram que elas não estavam sendo eficientes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário