A governadora
Rosalba Ciarlini decretou estado de calamidade no Rio Grande do Norte em relação
à saúde pública. O anúncio foi feito em entrevista coletiva realizada na tarde
desta quarta-feira (04), na qual apresentou o Plano de Enfrentamento dos
Serviços e Urgência e Emergência do RN ao lado do secretário de Estado da saúde
Pública (Sesap), Isaú Vilela.
“Não é a primeira
vez que é decretado estado de calamidade na saúde do Rio Grande do Norte, mas é
a primeira vez que é apresentado um plano de enfrentamento junto ao Governo
Federal. Este é um plano emergencial, mas que vai contemplar ações que terão
efeitos a médio e longo prazo”, explicou a Governadora.
Rosalba Ciarlini
frisou que o Plano de Enfrentamento para os Serviços de Urgência e Emergência do
RN é o começo de mudanças importantes e necessárias. “Ao final de seis meses
esperamos que os resultados já possam ser sentidos, estamos trazendo medidas
estruturantes e não apenas emergenciais. Temos que contar com a colaboração,
solidariedade, empenho e trabalho de todos para que toda a população possa sair
ganhando”, afirmou. A Governadora lembrou ainda que praticamente 100% dos
municípios do RN contam com gestão plena de recursos de saúde, e que por isso
também devem fazer a sua parte. ”O município recebe o recurso, mas não resolve
as demandas e encaminha para os hospitais de outras redes, acaba se pagando duas
vezes para que a pessoa tenha o atendimento necessário”, declarou a
Governadora.
De acordo com o
secretário Isaú Vilela, o RN vive agora um momento agonizante na área da saúde.
“O Walfredo Gurgel tem capacidade para atender 288 pacientes ao dia, mas,
atualmente, enfrenta uma demanda de 450 entradas diárias”, expôs o titular da
Sesap.
A governadora
Rosalba Ciarlini frisou que o momento escolhido para decretar o estado de
calamidade se deu após a conclusão e estruturação de um plano de ação e
enfrentamento adequado. Serão recursos extraorçamentários que serão retirados de
outras áreas para, num esforço concentrado, realizar ações emergenciais em uma
área crítica.
O coordenador geral
do Samu Metropolitano, Luiz Roberto Fonseca, explicou que há um desequilíbrio
entre demanda e oferta de assistência. Segundo Luiz Roberto, deverão ser
viabilizados leitos de retaguarda clínica em diferentes hospitais, como Hospital
Universitário Onofre Lopes, que deverá reativar uma ala para o atendimento de
urgência e emergência. “Essa medida beneficiará também o ensino, pois trará para
o aluno a realidade do serviço de urgência e emergência. É importante lembrar
que o Onofre Lopes não será o novo Walfredo, não haverá porta de entrada, a
ocupação dos leitos será regulada pela central do Samu”, disse Luiz
Roberto.
Outro hospital de
retaguarda será o Hospital João Machado. “Esse hospital apresenta alas
desativadas devido à recente reforma psiquiátrica, que liberou pacientes que
antes ficavam internados e hoje em dia fazem tratamento domiciliar e através dos
CAPS, Centros de Assistência Psicossocial”, explica Luis Roberto.
Ainda sobre os
leitos, foram anunciados mais 63 de UTI em todo o RN, dos quais 10 serão de UTI
infantil e outros 10 para UTI neonatal. O coordenador do Samu Metropolitano
ressaltou que, apesar de contar com gestão plena dos recursos de saúde,
recebendo a verba diretamente do Ministério da Saúde, Natal é a única capital do
Brasil que não conta com leito próprio de UTI, utilizando a rede estadual e
federal. Além dos novos leitos, o investimento também será direcionado para o
aparelhamento, reforma ou construção de novos hospitais em cidades consideradas
polo, visando diminuir a demanda que superlota outros serviços de
referência.
Durante a
apresentação do Plano de Enfrentamento para os Serviços de Urgência e Emergência
do RN, também foi anunciada uma ação do INTO (Instituto Nacional de
Traumatologia e Ortopedia) no Rio Grande do Norte, que, através de uma
força-tarefa, fará cirurgias de trauma. “Esse pleito foi encaminhado
pessoalmente pelo secretário Isaú Vilela ao Ministério da Saúde. Da última vez
que foi realizada no estado, a força-tarefa fez mais de 260 cirurgias de
pacientes de trauma, é uma ótima ajuda para a demanda represada de cirurgias”,
disse Luiz Roberto.
De acordo com o
coordenador do Samu Metropolitano, os registros apontam uma média diária de 27,6
acidentes de moto somente na capital, que resultam em muitas internações. “É bom
lembrar que o paciente de trauma é um paciente que fica por muito tempo em um
leito do hospital, pois muitas vezes são necessários alguns procedimentos
cirúrgicos e, posteriormente, todo o trabalho de reabilitação É um paciente que
chega, mas demora muito a sair”, explicou.
Outro ponto
abordado foi a habilitação do helicóptero Potiguar I para ser usado como unidade
aeromédica. “Apesar de ser uma aeronave de uso da polícia, o espaço interno pode
ser modificado em apenas 7 minutos e ser transformado em uma unidade médica, e
agora teremos o custeio para as adaptações necessárias”, disse Luiz Roberto
Fonseca.
Além das medidas
estruturantes, o Plano de Enfrentamento para os Serviços de Urgência e
Emergência do RN prevê também uma mudança com relação à conduta a ser seguida
pelos profissionais da área da saúde. “Sabemos que muitos honram o seu diploma,
mas há alguns profissionais que insistem em práticas que acabam prejudicando a
população. Adotaremos, então, um sistema de ponto eletrônico, para que todos
assumam o compromisso de cumprir com a carga horária pelo o qual foi
contratado”, afirmou a governadora Rosalba Ciarlini.
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