segunda-feira, 2 de julho de 2012
Pesquisas Demais e de Menos
Nas democracias avançadas, quando se fala em pesquisa, subentende-se “de opinião pública”. São tão habituais que é desnecessário explicá-las.
No Brasil, acontece um fenômeno diferente. A palavra pesquisa está fortemente ligada ao contexto político-eleitoral. Ela se confunde com a ideia de “intenção de voto”.
Nosso sistema político usa muito parcimoniosamente as pesquisas de opinião pública. Temos, por exemplo, a cada semestre, não mais que três ou quatro pesquisas - destinadas à divulgação - de avaliação
do governo federal e de aspectos específicos da realidade nacional.
É claro que existem outras, feitas para consumo interno - de monitoramento de opiniões e sentimentos ou para subsidiar a política de comunicação do governo. Também acontecem pesquisas para identificar
modos de utilização e níveis de satisfação com políticas particulares. São raramente publicadas.
Algo semelhante ocorre no plano estadual e municipal. Governos estaduais e prefeituras mandam fazer pesquisas análogas às que a União contrata - sempre de uso restrito.
A população só tem acesso, portanto, às poucas que a imprensa e algumas entidades - em especial as organizações patronais - mandam fazer.
É menos que o padrão internacional.
Até os maiores grupos de comunicação não consideram - pelo que parece - necessário saber o que pensa a opinião pública. Se aprova ou desaprova medidas tomadas pelos governos, se concorda ou
discorda com propostas em discussão, se faz ou deixa de fazer alguma coisa.
Salvo exceções - muitas de relevância menor (“Qual o time de futebol com mais torcedores?”) - a imprensa realiza seu trabalho sem dar importância às pesquisas de opinião.
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