sexta-feira, 27 de maio de 2011

Henrique Eduardo Alves foi o estopim da nova crise do governo com o PMDB

Lendo os jornais do dia e também alguns blogs nacionais mais apurados, a gente começa a descobrir os motivos que levaram o PMDB a aprovar na Câmara o vergonhoso Código Florestal que agora será examinado pelo Senado e a entender a reação violenta, quase de rompimento, do governo.

Ontem à noite, em seu blog, o jornalista Ricardo Noblat já havia revelado a "trombada feia" que houve entre o PMDB e o governo na noite de votação do Código Florestal, terça-feira passada, quando o ministro Antonio Palocci esteve com o vice-presidente Michel Temer, levou o recado de "insatisfação" do governo e ameaçou demitir os ministros do partido.

Hoje, na coluna política que escreve para a Folha de S.Paulo, Renata Lo Prete não só confirma a nota de Noblat, mas vai um pouco além.

"Quanto mais as horas passam, mais indícios surgem de que Lula permaneceu em Brasília para apagar um incêndio de proporções maiores do que foi dado ao público saber" - escreve Renata.

"Segundo relatos de governistas encarregados da negociação do Código Florestal", prossegue a jornalista, "não apenas Dilma Rousseff ameaçou demitir os ministros do PMDB, dado o apoio do partido à emenda combatida pelo Planalto, como Michel Temer abandonou a polidez habitual e teve pelo menos duas conversas ásperas com Antonio Palocci, portador do recado da presidente - o vice nega tanto a ameaça quanto sua reação. No final, prevaleceu o instinto de sobrevivência política dos envolvidos, mas restaram sequelas."

E por que tanta confusão?

A jornalista conta que "o barraco palaciano pré-votação do código está na origem da declaração de Henrique Eduardo Alves (RN)." Segundo ela, ao encaminhar o voto de sua bancada a favor da emenda, o líder do Rio Grande do Norte, a afirmou que o PMDB "não está no governo, é governo".

Já no jornal O Estado de S.Paulo, em reportagem hoje assinada por Christiane Samarco, a informação é que "o PMDB colocou um "preço" para proteger o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, do constrangimento de ter de explicar a evolução de seu patrimônio no Congresso ou de ser alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)."

E O Globo também entra no circuito, com a notícia de que a presidente Dilma Rousseff já marcou para a próxima quarta-feira um almoço com os senadores do PMDB para tentar acalmar o partido, salvar definitivamente o ministro Palocci, ver o que pode ser feito para mudar o Código Florestal e atender - é claro - às reivindicações de suas excelências.

Em suma, resumindo: mais e cada vez mais, o governo está refém do PMDB. Não é bom para o país, nem tampouco para o governo. Só é bom para o PMDB.

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