Andrielle Mendes
repórter de Economia / Tribuna do Norte
Parcerias entre operadoras nacionais e hotéis natalenses, que baixaram o preço da hospedagem na capital potiguar, livraram o Rio Grande do Norte do pior mês de julho dos últimos cinco anos. Apesar de emergencial, a estratégia ajudou a frear a queda da ocupação da rede hoteleira, que segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do RN (ABIH/RN), foi reduzida em 25% em relação ao mesmo período do ano passado. A queda foi sentida principalmente nos hotéis de luxo. Nos hotéis de categoria média, até três estrelas, a taxa não está tão "decepcionante".
A expectativa do setor, com base na movimentação registrada em junho, era que a ocupação ficasse em torno de 40%, o pior desempenho nos últimos cinco anos. A ocupação, entretanto, está um pouco acima de 50%. A façanha só foi possível, porque as operadoras ofereceram pacotes a preços promocionais, permitindo que a taxa não ficasse tão distante da registrada em ano anteriores (sempre acima de 65%).
Para atrair mais turistas as operadoras venderam pacotes com os mesmos valores praticados durante a baixa temporada (quando os visitantes deixam de viajar por vários motivos). A promoção, entretanto, só valia para quem se hospedasse em Natal até o dia 15 de julho. A estratégia, segundo Pedro Nogueira, diretor executivo da ABIH/RN, surtiu efeito. "A ocupação subiu um pouco mais do que estava previsto". A 'catástrofe' anunciada, no mês passado, pelo próprio setor, não chegou a se concretizar.
Segundo ele, é preferível trabalhar com tarifas mais baixas e garantir uma ocupação regular, que foi o que as operadoras fizeram ao fechar parcerias com hotéis natalenses, a manter a tarifa e não atrair ninguém. A estratégia, embora emergencial, ajudou a amenizar a 'catástrofe' anunciada. "As operadoras fecharam as parcerias, baixaram os preços e divulgaram na grande mídia nacional por iniciativa própria", ressalta Pedro Nogueira. "Se nada tivesse sido feito e o movimento de junho tivesse se mantido, a ocupação teria sido um desastre", admite o diretor executivo da ABIH/RN.
Em julho de 2010 - ano excepcional para o Turismo - a ocupação média ficou entre 80% a 85%. A expectativa era que a ocupação em julho de 2011 ficasse entre 75% a 80%. No entanto, a queda na movimentação dos visitantes em junho levou os hoteleiros a reverem os cálculos e projetarem uma ocupação média de 40% para julho de 2011 - muito abaixo da média registrada nos anos anteriores durante a alta estação.
Fatores como queda do dólar, valorização do real, falta de divulgação e chuvas em excesso durante a alta temporada levaram os visitantes, brasileiros em grande parte, a evitarem Natal. Os turistas estrangeiros, esclarece Pedro, vêm cada vez menos a Natal desde 2007, quando a crise econômica mundial começou a se desenhar.
Vendas caem para formais e informais
A queda na movimentação de turistas não interfere apenas na taxa de ocupação dos hotéis. Os efeitos se estendem a outras 52 atividades, que segundo a Organização Mundial do Turismo, são impactadas pelo Turismo, entre
elas, agências de viagem, companhias áreas, táxi, bares, restaurantes. "Sem falar nos informais, que dependem diretamente do Turismo", acrescenta Pedro Nogueira, da ABIH/RN.
Na barraca de Jeová Nunes Caxias, 32, que trabalha há 15 anos na Praia de Ponta Negra, as vendas caíram 50% em relação ao mesmo período do ano passado. Ele vende água de coco, refrigerante e caipirinha. Por dia, ele gasta R$200 para comprar a mercadoria. Nem sempre tem lucro. Em julho de 2010, faturava até R$400 por dia. Hoje, o faturamento não chega a R$150, rendendo-lhe um prejuízo de R$50 por dia.
Para Jeová, mais conhecido como Júnior, a situação só deve mudar nos próximos meses. "O movimento tá muito fraco. Acho que é por causa da chuva. Ano passado estava estiado. Por isso, tinha mais gente (sic)".
O número de passeios de buggy realizados nas dunas móveis de Genipabu, segundo Iveraldo Soares Souza, presidente da Associação dos Proprietários de Buggy de Aluguel do RN, também caiu pela metade em julho em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2010, os buggeiros realizavam entre 2 e 3 passeios diários nas dunas móveis. Hoje, realizam apenas 1.
Se antes, um buggeiro faturava, em média, R$360 por dia. Hoje, recebe R$180. O valor do passeio varia entre R$150 a R$ 180. A Associação, segundo ele, tem 75 filiados. No RN, há 650 buggeiros.
Nos bares e restaurantes de Natal, segundo Max Fonseca, presidente da seccional potiguar da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, o impacto foi menor. A movimentação tem se mantido graças a ocupação das pequenas pousadas. "Tem pousadas pequenas com 100% de ocupação. Vivendo, portanto, uma realidade bem distinta dos grande hotéis. Isso tem se refletido em alguns lugares da noite", afirma.
Sem ações, tendência é de piora do quadro
Embora a parceria entre operadoras e hotéis tenha surtido efeito, ao menos num primeiro momento, o Turismo potiguar ainda carece de mais ações, afirma o diretor executivo da Abih/RN. "Se nós não tivermos ação para investir no mercado nacional e internacional, os problemas tendem a aumentar e nós perderemos mercado para os vizinhos".
No hotel onde a gerente de reservas Andressa Ramalho trabalha, a taxa de ocupação em julho oscila entre 45% e 50%. "Sentimos ainda mais que os demais hotéis, porque o nosso empreendimento é novo e carece de maior divulgação". Andressa já trabalhou em outros hotéis durante a alta temporada, que acaba agora em julho, e diz ser plenamente possível atingir 100% de ocupação desde que o cenário nacional e as condições climáticas não conspirem contra o turismo em Natal.
Para a baixa temporada, ela aposta no turismo regional e defende uma maior divulgação de Natal dentro do Nordeste. Para reverter a situação, o gerente geral do hotel viajou até São Paulo para participar do Salão do Turismo - evento que é considerado a maior exposição de produtos e serviços turísticos da América Latina no formato em que acontece.
"Temos que nos movimentar e não esperar apenas pelo governo. Fizemos material de divulgação novo e estamos trabalhando num vídeo institucional do hotel. Queremos vender o hotel e o destino", afirma.
repórter de Economia / Tribuna do Norte
Parcerias entre operadoras nacionais e hotéis natalenses, que baixaram o preço da hospedagem na capital potiguar, livraram o Rio Grande do Norte do pior mês de julho dos últimos cinco anos. Apesar de emergencial, a estratégia ajudou a frear a queda da ocupação da rede hoteleira, que segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do RN (ABIH/RN), foi reduzida em 25% em relação ao mesmo período do ano passado. A queda foi sentida principalmente nos hotéis de luxo. Nos hotéis de categoria média, até três estrelas, a taxa não está tão "decepcionante".
aldair dantas
O movimento nos hotéis recuou em relação ao mesmo período do ano passado e há casos em que as áreas de lazer permanecem vazias
O movimento nos hotéis recuou em relação ao mesmo período do ano passado e há casos em que as áreas de lazer permanecem vaziasA expectativa do setor, com base na movimentação registrada em junho, era que a ocupação ficasse em torno de 40%, o pior desempenho nos últimos cinco anos. A ocupação, entretanto, está um pouco acima de 50%. A façanha só foi possível, porque as operadoras ofereceram pacotes a preços promocionais, permitindo que a taxa não ficasse tão distante da registrada em ano anteriores (sempre acima de 65%).
Para atrair mais turistas as operadoras venderam pacotes com os mesmos valores praticados durante a baixa temporada (quando os visitantes deixam de viajar por vários motivos). A promoção, entretanto, só valia para quem se hospedasse em Natal até o dia 15 de julho. A estratégia, segundo Pedro Nogueira, diretor executivo da ABIH/RN, surtiu efeito. "A ocupação subiu um pouco mais do que estava previsto". A 'catástrofe' anunciada, no mês passado, pelo próprio setor, não chegou a se concretizar.
Segundo ele, é preferível trabalhar com tarifas mais baixas e garantir uma ocupação regular, que foi o que as operadoras fizeram ao fechar parcerias com hotéis natalenses, a manter a tarifa e não atrair ninguém. A estratégia, embora emergencial, ajudou a amenizar a 'catástrofe' anunciada. "As operadoras fecharam as parcerias, baixaram os preços e divulgaram na grande mídia nacional por iniciativa própria", ressalta Pedro Nogueira. "Se nada tivesse sido feito e o movimento de junho tivesse se mantido, a ocupação teria sido um desastre", admite o diretor executivo da ABIH/RN.
Em julho de 2010 - ano excepcional para o Turismo - a ocupação média ficou entre 80% a 85%. A expectativa era que a ocupação em julho de 2011 ficasse entre 75% a 80%. No entanto, a queda na movimentação dos visitantes em junho levou os hoteleiros a reverem os cálculos e projetarem uma ocupação média de 40% para julho de 2011 - muito abaixo da média registrada nos anos anteriores durante a alta estação.
Fatores como queda do dólar, valorização do real, falta de divulgação e chuvas em excesso durante a alta temporada levaram os visitantes, brasileiros em grande parte, a evitarem Natal. Os turistas estrangeiros, esclarece Pedro, vêm cada vez menos a Natal desde 2007, quando a crise econômica mundial começou a se desenhar.
Vendas caem para formais e informais
A queda na movimentação de turistas não interfere apenas na taxa de ocupação dos hotéis. Os efeitos se estendem a outras 52 atividades, que segundo a Organização Mundial do Turismo, são impactadas pelo Turismo, entre
elas, agências de viagem, companhias áreas, táxi, bares, restaurantes. "Sem falar nos informais, que dependem diretamente do Turismo", acrescenta Pedro Nogueira, da ABIH/RN.
Na barraca de Jeová Nunes Caxias, 32, que trabalha há 15 anos na Praia de Ponta Negra, as vendas caíram 50% em relação ao mesmo período do ano passado. Ele vende água de coco, refrigerante e caipirinha. Por dia, ele gasta R$200 para comprar a mercadoria. Nem sempre tem lucro. Em julho de 2010, faturava até R$400 por dia. Hoje, o faturamento não chega a R$150, rendendo-lhe um prejuízo de R$50 por dia.
Para Jeová, mais conhecido como Júnior, a situação só deve mudar nos próximos meses. "O movimento tá muito fraco. Acho que é por causa da chuva. Ano passado estava estiado. Por isso, tinha mais gente (sic)".
O número de passeios de buggy realizados nas dunas móveis de Genipabu, segundo Iveraldo Soares Souza, presidente da Associação dos Proprietários de Buggy de Aluguel do RN, também caiu pela metade em julho em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2010, os buggeiros realizavam entre 2 e 3 passeios diários nas dunas móveis. Hoje, realizam apenas 1.
Se antes, um buggeiro faturava, em média, R$360 por dia. Hoje, recebe R$180. O valor do passeio varia entre R$150 a R$ 180. A Associação, segundo ele, tem 75 filiados. No RN, há 650 buggeiros.
Nos bares e restaurantes de Natal, segundo Max Fonseca, presidente da seccional potiguar da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, o impacto foi menor. A movimentação tem se mantido graças a ocupação das pequenas pousadas. "Tem pousadas pequenas com 100% de ocupação. Vivendo, portanto, uma realidade bem distinta dos grande hotéis. Isso tem se refletido em alguns lugares da noite", afirma.
Sem ações, tendência é de piora do quadro
Embora a parceria entre operadoras e hotéis tenha surtido efeito, ao menos num primeiro momento, o Turismo potiguar ainda carece de mais ações, afirma o diretor executivo da Abih/RN. "Se nós não tivermos ação para investir no mercado nacional e internacional, os problemas tendem a aumentar e nós perderemos mercado para os vizinhos".
No hotel onde a gerente de reservas Andressa Ramalho trabalha, a taxa de ocupação em julho oscila entre 45% e 50%. "Sentimos ainda mais que os demais hotéis, porque o nosso empreendimento é novo e carece de maior divulgação". Andressa já trabalhou em outros hotéis durante a alta temporada, que acaba agora em julho, e diz ser plenamente possível atingir 100% de ocupação desde que o cenário nacional e as condições climáticas não conspirem contra o turismo em Natal.
Para a baixa temporada, ela aposta no turismo regional e defende uma maior divulgação de Natal dentro do Nordeste. Para reverter a situação, o gerente geral do hotel viajou até São Paulo para participar do Salão do Turismo - evento que é considerado a maior exposição de produtos e serviços turísticos da América Latina no formato em que acontece.
"Temos que nos movimentar e não esperar apenas pelo governo. Fizemos material de divulgação novo e estamos trabalhando num vídeo institucional do hotel. Queremos vender o hotel e o destino", afirma.
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