Em coletiva de
imprensa realizada no final da manhã desta terça-feira (3) na sede da
Procuradoria Geral do Estado (PGE), o Procurador Geral do Estado, Miguel Josino,
apresentou a defesa do Rio Grande do Norte para a Ação Civil Pública movida pelo
Conselho Regional de Medicina do RN na Justiça Federal de Primeira
Instância.
Miguel Josino
explicou de forma abrangente a situação do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e
adiantou que existe um plano estratégico determinado pela governadora do RN,
Rosalba Ciarlini, que apresenta soluções possíveis dentro de um prazo viável.
Entre as medidas estão: criação de leitos de retaguarda, implantar o sistema de
regulação de leitos, melhor equipar os Hospitais Regionais, além de agilização
nas obras de reforma e ampliação de outros Hospitais Públicos com o uso de cerca
de R$ 10 milhões de recursos próprios.
Miguel Josino
afirmou ainda que a privatização do setor da saúde não está sendo cogitada pelo
Governo do RN, o que está em estudo é a possibilidade de uma gestão
compartilhada a exemplo do que ocorre em outros Estados da Federação, como São
Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraíba. Miguel Josino
ressaltou que nos próximos três meses serão investidos R$ 10 milhões, de
recursos próprios, para investimentos na saúde da rede pública. Os hospitais que
serão atendidos pelos recursos são os hospitais Giselda Trigueiro, da Polícia
Militar, João Machado e Santa Catarina, além dos hospitais Alfredo Mesquita, em
Macaíba, e Rafael Fernandes, em Mossoró.
Somado a isso,
serão aplicados mais R$ 3 milhões (oriundos do Minsitério da Saúde) no hospital
Walfredo Gurgel, dos quais R$ 2 milhões destinados à ampliação do pronto-socorro
e R$ 1 milhão para a aquisição de equipamentos. Além disso, R$ 300 mil serão
aplicados por mês para leitos de retaguarda no Hospital Universitário Onofre
Lopes e João Machado.
O procurador
esclareceu, no caso particular do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, que os
problemas da unidade não são atuais, vem se prolongando há 20 anos e são
provenientes da falta de investimento de gestões passadas. Um dos motivos da
agudização dos problemas é o que chamou de “ambulancioterapia”, prática na qual
pacientes de outros municípios do estado são encaminhados para tratamento em
Natal. Além disso, Natal é a única Capital do Brasil que não possui um Hospital
Público próprio, fato que sobrecarrega o HWG.
Para Miguel Josino
muitos dos doentes que chegam ao Walfredo Gurgel trazidos de outros municípios
do RN são de natureza ambulatorial ou poderiam ser tratados em outros hospitais.
O procurador questionou ainda os investimentos feitos por outros municípios do
RN em relação aos casos de baixa complexidade. Segundo o procurador, “a
ambulacioterapia e o fato de Natal ser a única capital do Brasil que não possui
um hospital público próprio acabam por sobrecarregar o hospital Walfredo
Gurgel”, declarou.
“É urgente a
construção de um novo hospital em Natal. Um hospital vocacionado para o trauma.
Há uma deficiência no Estado de 260 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e nem a
rede privada tem condições de suportar esse déficit. O que causa perplexidade é
que para a Procuradoria Geral do Estado é que o Conselho Regional de Medicina do
RN almeja uma coisa que sou contra, que é a privatização ou estímulo a
privatização dos serviços médicos”, comentou.
O procurador
destacou que em 60 dias, 24 novas UTIs serão abertas nos hospitais Maria Alice
Fernandes, no Walfredo Gurgel e Ruy Pereira e ainda ressaltou que 80% dos
recursos da saúde são gastos com pessoal, 20% com custeio e quase nada ou muito
pouco para investimento.
“O Estado não tem
deficiência de médicos, mas há hospitais subutilizados. A Ação Civil Pública
ajuizada pelo Conselho Regional de Medicina contra o estado do RN é louvável sob
todos os aspectos, mas não resolve a situação do Estado. Não é a contratação de
leitos privados que resolverá o problema do Walfredo Gurgel, mas sim
investimentos na área de saúde”, encerrou o procurador.
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