sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Brasileirão: Menos candidatos, mais zebras

Por isso mesmo, os dois que hoje se desgarraram são aqueles que souberam minimizar esta tendência e escapar – um pouco que seja – das zebras.

Equilibrado, imprevisível, incompreensível. Ou talvez tudo junto. São estes os adjetivos que têm transformado o Campeonato Brasileiro de 2011 em um dos mais emocionantes dos últimos anos, e isso nem tanto pela quantidade de candidatos ao título na reta final. Mas, sobretudo, pelos inúmeros resultados inesperados que marcaram a temporada dos times da ponta da tabela. Por isso mesmo, os dois que hoje se desgarraram são aqueles que souberam minimizar esta tendência e escapar – um pouco que seja – das zebras.

Corinthians e Vasco, líderes com 64 e 62 pontos, respectivamente, são os times com trajetória mais regular ao longo do campeonato. Ou menos irregular. Afinal, nem mesmo eles impediram que algumas surpresas cruzassem seus caminhos. De qualquer forma, a três rodadas do final, ambos aparecem em melhor situação que Fluminense (59), Figueirense (57), Flamengo (56) e Botafogo (55), que não param de lamentar a perda de pontos para rivais muito abaixo na classificação.

Até a 33ª rodada, por sinal, estes cinco estavam separados por apenas três pontos e davam impressão de que a disputa seria ainda mais acirrada do que em 2009 e 2010, quando três clubes chegaram à última rodada com chances de ser campeão. Foi exatamente há 11 dias, porém, que entrou em cena o América-MG, lanterna e quase rebaixado e que resolveu, quase que por um golpe de mágica, iniciar sua recuperação superando Corinthians, Fluminense e Botafogo.

No caso do líder, o susto pela derrota para o ex-lanterna por 2 a 1 foi ao menos superado por dois suados triunfos contra outros dois times da zona do rebaixamento – Atlético-PR e Ceará –, que recolocaram os paulistas nos trilhos. O Vasco, vítima desse mesmo América no início do segundo turno, venceu recentemente um clássico e conseguiu driblar Bahia e Atlético-MG, que lutam na parte de baixo.

Montanha russa
Já o Fluminense foi entrando na briga graças à incrível arrancada no segundo turno, em que registrou seis vitórias nos primeiros oito jogos. No entanto, quando deixou o bloco intermediário e demonstrou pretensões de título, vieram os tropeços em casa diante de Atlético-MG e América-MG, fazendo com que o técnico Abel Braga adicionasse mais um adjetivo para a competição.

"Este é um campeonato atípico. Fluminense, Vasco e Botafogo já tiveram chances de assumir ou abrir vantagem na ponta e não conseguiram. O São Paulo também passou por situação semelhante", explicou, lembrando que o Tricolor paulista figurava, até a 29ª rodada, entre os fortes candidatos e que, hoje, com 53 pontos, aparece com menores chances de brigar até mesmo pela Libertadores.

Ainda entre os cariocas, Flamengo e Botafogo viveram em intensa gangorra. Impulsionado por Ronaldinho, o Rubro-Negro chegou a liderar no primeiro turno, entrou em crise com dez jogos sem vitória no segundo e voltou a sonhar até perder novamente o fôlego no final. O Botafogo, por sua vez, teve três chances de alcançar a ponta, mas falhou diante de Coritiba, Santos e Avaí e agora agoniza, sem técnico e com risco de perder uma antes certa vaga na Libertadores.

Caminhando em sentido oposto aparece o Figueirense, com 57 pontos. Se teve uma metade de campeonato oscilante, o time treinado por Jorginho, auxiliar de Dunga na Copa do Mundo da FIFA 2010, atravessa agora grande fase, com seis vitórias seguidas e 14 jogos invicto, que o colocaram de vez na briga pelo torneio continental. Pela frente, agora, confrontos nervosos e decisivos contra Fluminense e Corinthians.

Mais compacto
Se, por um lado, o Brasileirão 2011 tem agora menos candidatos reais à taça, por outro, o grupo até o décimo colocado prova que o equilíbrio é mesmo a marca no país. São apenas 13 pontos separando o líder Corinthians do Coritiba (51), que também sonha, por que não, com a Libertadores. Nas últimas quatro temporadas, o décimo terminou bem atrás do campeão, com 23 pontos, em 2008, 25, em 2009, e 21, em 2010. Em todos os casos, com aproveitamento inferior aos 50% que o Coxa ostenta hoje.

Outro fator que chama atenção é o número de derrotas dos líderes. O Corinthians já perdeu nove vezes, contra sete do Vasco, 14 do Fluminense, oito do Figueirense e 12 do Botafogo. Para se ter uma ideia, o Campeonato Espanhol 2010/11 teve como campeão o Barcelona com duas derrotas; o Campeonato Inglês viu o Manchester United comemorar com quatro; e, no Campeonato Alemão, o Borussia Dortmund levantou a taça com cinco tropeços.

Experiente, o técnico Muricy Ramalho, que soma quatro títulos nacionais entre 2006 e 2010, não se cansa de dissertar sobre as dificuldades do Brasileirão e, ao FIFA.com, resumiu bem a atual situação. "É um torneio diferente, único. Não tem um dia que você entra um pouco mais tranquilo ou que sabe que vai ter um jogo mais fácil. Por isso é que, no fim, sempre chegam cinco, seis times com chances de ganhar." E alguém vai duvidar?

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